O Poder do Hábito (Parte 1): Quando o Minimalismo vira Hábito

Escrito por: Fernanda Marinho

O Poder do HábitoEstou devorando o livro O Poder do Hábito, de Charles Duhigg. Logo no primeiro capítulo, tive uma epifania. Entendi por que o meu mote de praticar o minimalismo devagar e sempre tem dado tão certo: se tornou um hábito.

No começo do livro, o autor explica como pesquisas e experimentos científicos foram descobrindo como os hábitos funcionam no nosso cérebro. Perceberam que são reações que temos a certas deixas, que automatizamos a tal ponto que fazemos de maneira quase inconsciente.

Um dos experimentos era o seguinte: colocavam um rato de laboratório no início de um labirinto, com uma divisória impedindo o caminho. Em um canto do labirinto, era colocado um chocolate. Nas palavras do autor:

“No começo, quando um rato escutava o clique e via a divisória desaparecer, geralmente ia e voltava pelo corredor do meio, farejando os cantos e arranhando as paredes. Parecia sentir o cheiro do chocolate, mas não conseguia descobrir como achá-lo. Quando chegava ao topo do T, muitas vezes virava à direita, afastando-se do chocolate, e depois acabava indo para a esquerda, às vezes fazendo uma pausa sem nenhum motivo óbvio. Por fim, a maioria dos animais descobria a recompensa. Mas não havia padrão discernível no caminho deles. Era como se cada rato estivesse dando um passeio descontraído, sem pensar.

loop do hábito

As sondas nas cabeças dos ratos, no entanto, contavam uma história diferente. Enquanto cada um deles percorria o labirinto, seu cérebro – e em particular, seus gânglios basais – trabalhava intensamente. Cada vez que um rato farejava o ar ou arranhava uma parede, seu cérebro explodia de atividade, como se analisando cada novo cheiro, imagem e som. O rato estava processando informações durante todo o tempo em que perambulava.

Os cientistas repetiram o experimento diversas vezes, observando como a atividade cerebral de cada rato se alterava conforme percorria centenas de vezes a mesma rota. Uma série de mudanças lentamente surgiu. Os ratos pararam de farejar cantos e virar para o lado errado. Em vez disso, atravessavam o labirinto cada vez mais depressa. E dentro de seus cérebros, algo inesperado aconteceu: conforme cada rato aprendia a se orientar no labirinto, sua atividade mental diminuía. À medida que o caminho se tornava cada vez mais automático, os ratos começaram a pensar cada vez menos.”

Não faz todo sentido? Todo hábito, no início, envolve muito esforço consciente porque precisamos decidir agir de tal jeito a toda ação. A gente vai testando, percebendo o que dá certo e o que dá errado, vai aprendendo e ajustando. Com o tempo, o esforço diminui.

Já estou buscando o minimalismo há uns 5 anos, e sempre encontro novas áreas da minha vida para aplicá-lo. E não é porque eu decido, coloco na minha lista de tarefas, marco um dia da semana para fazer isso, passo por alguma dificuldade ou sinto uma necessidade. É porque se tornou um hábito. É algo que eu faço sem pensar.

Refletindo agora e analisando minhas vida nos últimos tempos, percebi que sempre tenho olhado para a minha casa, meus armários e gavetas, minhas posses em geral, meus sentimentos e emoções, comportamentos e pensamentos, com essa abordagem. Sempre estou analisando o que me faz mal, o que é desnecessário, o que poderia ser eliminado para entrar algo melhor no lugar e o que é importante para mim.

O resultado disso é que criei o hábito de estar sempre focando no que eu realmente quero. Cada vez perco menos tempo e energia com bobagem. Cada vez mais tenho a vida que conscientemente escolho, não aquela ditada pelo senso comum ou pelo que os outros esperam de mim.

Como a minha vida tem sido cada vez melhor dessa maneira, todas as vantagens que vou percebendo só vão firmando cada vez mais o hábito. Mas isso é assunto para o próximo post.

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11 Comentários

  1. Natalia Vaz disse:

    Vi esse livro na Amazon e a mãozinha coçou para comprar mas como estou com leituras atrasadas decidi adiar. Agora confesso que o seu texto esta me motivando a voltar la e colocar mais um livro na prateleira de leituras acumuladas. 🙂 Obrigada por compartilhar a sua opinião. Abraços.

    1. Lucyene disse:

      Tem como baixar na internet em pdf grátis.

    2. Recomendo demais o livro, Natalia. Ainda vou fazer mais posts sobre ele, inclusive. E, como não é livro de ficção, dá para ir lendo aos poucos, às vezes até ao mesmo tempo que outros. Eu estou fazendo assim. Hehe… Abraço!

  2. Nana disse:

    Eu tenho esse livro eletrônico por indicação de uma grande amiga mas ainda não parei para ler. Adorei a analogia com nossos hábitos e esforços diários.
    Bj e fk c Deus.
    Nana
    http://procurandoamigosvirtuais.blogspot.com

    1. Recomendo muito a leitura, Nana. Aproveita que já tem o livro e coloca na sua lista de leituras. Sobre nossos hábitos e esforços, nem são uma analogia. São assim que funcionam de verdade nos nossos cérebros. Loucura, não? Beijo!

  3. MJC disse:

    Por coincidência terminei a leitura dele hoje. Achei o livro interessante, mas também achei muito repetitivo. Gostei especialmente da primeira parte e do último capítulo.

    Quando digo repetitivo, não estou falando apenas em ser repetitivo dentro de um mesmo capítulo (e isso ele é). Parece que o autor estava escrevendo um documentário. Não são raras as vezes que as estórias tem o seguinte template: “No verão/inverno/meados/etc de 19XX, Fulano de Tal fez YYYYY. Pesquisadores da Universidade de ZZZZZ imaginavam que isso era por conta de XXXXXX, então fizeram o seguinte experimento: XXXXXX. Depois disso, concluíram que XXXXXX”. Isso acaba ficando um pouco maçante de ler.

    1. Olá! Desculpa os séculos que levei pra responder. Pois é… Esse tipo de livro é meio repetitivo. E é realmente um tipo de documentário, se você pensar que não é ficção. Ele acaba tendo o trabalho de apresentar muitos argumentos e fatos para comprovar as teses que está apresentando, para não ficar também um livro comum de autoajuda. Eu gosto, mas procuro ler livros assim aos poucos, em paralelo com algum de ficção, ou realmente fica maçante. Obrigada pelo comentário 🙂

  4. Danilo disse:

    Fernanda. Seu post simplisente me colocou em um incrível insight.

    Desde ontem venho refletindo em como obter maior liberdade para escolher sair de um emprego (não sou empregado, faço doutorado) quando me deparar com um que não me satisfaça ou que não esteja se encaixando com meus propósitos. A solução que encontrei realmente foi: vivendo sob um estilo de vida mais econômico que o que ganho.

    Lendo seu post percebi que comecei a buscar um esilo de vida mais simples lendo blogs, à uns 5 ou 6 anos, tais como o zen habits, o minimalists e o vida organizada. Além do livro do David Allen.

    Mas nem tinha me tocado que hoje em dia vivo com esse hábito de tornar os ambientes e tarefas de trabalhos mais simples e organizados.

    Impressionante o poder do hábito.

    1. Impressionante mesmo, Danilo. Também tive esse insight ao ler o livro e, desde então, tenho tentado aproveitar esse poder ainda mais. E, a respeito de ter essa liberdade para escolher sair de um emprego, já exercitei mais de uma vez, viu? E foi ótimo. Aliás, mesmo quando eu escolho não sair, só saber que eu poderia já me faz ser capaz de avaliar melhor se realmente estou levando minha vida como gostaria. Poder escolher é um poder tão incrível quanto o do hábito. Muito obrigada pelo comentário e bom doutorado (ou não, se você preferir parar… hehe).

  5. Rodrigo Silva disse:

    Foi uma ótima visita, gostei muito, voltarei assim que
    puder..!

    1. Que bom, Rodrigo! Muito obrigada. Volte sim. Estou com posts novos quase saindo 🙂

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