A importância dos limites entre vida pessoal e profissional

Escrito por: Fernanda Marinho

Uma das maiores vantagens do minimalismo é percebermos como ter foco naquilo que é importante nos permite ser mais eficientes e felizes. Para isso precisamos definir limites, e aquele entre a vida pessoal e a profissional é dos mais impactantes e ao mesmo tempo dos menos respeitados.

Com um mundo cada vez mais digital, ficou fácil conversamos com amigos e família, resolver burocracias e problemas, nos informar e entreter a qualquer momento. O incentivo é grande para fazer isso durante o trabalho, muitas vezes por falta de tempo e outras por pura necessidade de uma distração mesmo. Por outro lado, a tentação para ficar pensando em trabalho, só abrir rapidinho o e-mail ou responder algum contato profissional quando estamos em casa é igualmente forte. A mobilidade e conectividade fizeram isso com a gente.

Quando fazemos tanto um quanto o outro, nos sentimos justificados. Estou aqui só respondendo esse whatsapp de um cliente rapidinho no meu telefone pessoal, mas também respondo meus amigos rapidinho quando estou no trabalho. Por que me preocupar? Porque é cada vez mais fácil perdermos o controle e dessa forma não aproveitarmos bem nem um e nem o outro.

Quando não colocamos limites…

Por mais que a gente se ache multitarefa, não somos. O ser humano não consegue prestar atenção em duas coisas ao mesmo tempo.

Às vezes parece que sim porque cada vez mais dedicamos migalhinhas de tempo para cada coisa e ficamos alternando entre elas. Como se fossem abas do navegador. Clicamos em uma, preenchemos um campo rapidão e, enquanto aquela informação é processada, vamos para outra aba e lemos um parágrafo de um texto, aí voltamos para a anterior… Parece que estamos fazendo as duas coisas ao mesmo tempo, mas não estamos.

Cada vez que vamos de uma aba para outra, temos o tempo de clicar, de entender a informação daquela tela e de agir. O quanto mais rápido fazemos essa troca, menos estamos prestando atenção de fato no que estamos fazendo. Mais perdemos eficiência. Fazendo isso o dia inteiro, vamos ficando cansados, sem foco e sem controle.

Sabe quando você está concentrado no trabalho, fazendo um relatório ou escrevendo um texto, e pisca uma notificação no celular ou no próprio computador? Parece coisa pouca, mas perdemos o foco no que estamos fazendo imediatamente, cortando um raciocínio, interrompendo a atenção e exigindo um esforço para recuperá-la depois, mesmo quando escolhemos não ver a mensagem naquela hora. Não é só tempo que perdemos. É esforço mental que exigimos de nós mesmos. E isso acontece muitas vezes a cada dia. Olha o tempo e o esforço que estamos desperdiçando!

Sabe ainda quando você está com seus amigos ou com a família batendo papo, e você recebe uma mensagem de alguém do trabalho, seja cliente ou colega, só perguntando algo? Aí você vai responder rapidinho, mas  percebe que perdeu uma parte da conversa. Ou, pior ainda, que o assunto morreu porque a outra pessoa estava esperando você terminar e o momento passou.

Já reparou, quando é outra pessoa que está fazendo isso, como a fisionomia dela muda? Em um momento está rindo e totalmente envolvida na conversa. De repente está séria e preocupada respondendo uma mensagem.

Ou até quando estamos sozinho… Lendo um livro, arrumando casa, jogando videogame ou assistindo uma série… E paramos para resolver um probleminha de trabalho ou até mesmo pensar sobre um. De repente, começamos a nos preocupar e desviamos nossa atenção. Eu, agora, na minha casa, só de escrever isso já comecei a preocupar com coisas de trabalho.

… e quando colocamos limites

Por isso, faço questão de não dar meu telefone pessoal para cliente. E já tive que ignorar mensagens de colegas durante meus momentos de folga, explicando depois para eles os motivos. Por outro lado, nunca coloquei e nem colocarei meu whatsapp pessoal na aba do navegador quando estou no trabalho. Já teve um tempo que ficava com meu e-mail pessoal aberto lá, mas não faço isso mais também. São limites que precisei ir construindo.

Quando a gente foca no que está fazendo, sem interrupções, somos muito mais eficientes, gastando muito menos esforço e aproveitando muito mais o momento que estamos vivendo. Somos mais felizes e competentes. Ficamos melhores no trabalho, nos hobbies e nos relacionamentos. Poupamos energia e tempo. Só vejo vantagens.

limites

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11 Comentários

  1. Anne Carvalho disse:

    Nossa, eu fico com uma raiva quando estou com meu marido e ele “responde rapidinho uma mensagem que o colega de trabalho mandou aqui”, às 9, 10 horas da noite…
    E o pior é que isso acaba virando um hábito, e as pessoas passam a esperar que você responda sempre quase instantaneamente. Tento explicar isso pra ele, mas não adianta muito, então ultimamente tenho respirado fundo e deixado pra lá… Mas é chato!!
    Atualmente estou de licença não remunerada do meu trabalho, até junho. Quando voltar, estou pensando seriamente em comprar um celular daqueles antigos (sem acesso a internet) só pra receber chamadas, pra ser o celular do trabalho (desligado nas horas que eu não estiver trabalhando), e manter meu smartphone somente para contato de amigos e parentes… Assim ele pode ficar em casa, e nos momentos que eu tiver em casa eu vejo whatsapp, e não corro o risco de ter que ficar recebendo (e respondendo)mensagem de pessoas que não fazem parte dos meus relacionamentos pessoais…

    1. Ei, Anne! Já fiz isso que seu marido faz e realmente não vale a pena. Parei de responder e, nas primeiras vezes, me sentia culpada. Até perceber que não teria me trazido nenhum benefício ter respondido imediatamente. Aí virou hábito. Mas realmente é complicado tentar fazer os outros entenderem. A gente fala, mas chega uma hora que é melhor deixar pra lá mesmo. Tentar influenciar pelo exemplo, talvez.
      Lembro da sua licença. Engraçado como passa rápido! Sobre o celular, eu faço isso que você falou. Tenho um do trabalho e deixo ele lá. Nem levo para casa. Recomendo, viu? Obrigadinha pelo comentário! 🙂

  2. Camila disse:

    E quando a empresa “obriga” o funcionário a trabalhar com o celular? Fica muito mais difícil administrar isso, pois a gente precisa responder o watsapp do cliente e ao mesmo tempo se um amigo envia um mensagem ele vê que você está on-line e lhe cobra retorno. Estou odiando ter que trabalhar informando meu celular pessoal pra cliente, pois a maioria é sem noção e envia msgs tarde da noite sabendo que horário de trabalho é comercial.

    1. Jura, Camila? É foda isso mesmo… Porque a empresa teoricamente não pode exigir isso, mas como ela tem o poder de te demitir acaba que você se sente obrigada. Isso acontece com tanta coisa. E ainda tem gente que acha que com flexibilização da CLT o empregado vai poder negociar com a empresa. Vai é ter que se sujeitar mais ainda :/
      Foda! Sinto muito que você tenha que passar por isso 🙁

  3. cati disse:

    eu ja tinha visto mas agora vou comentar: lindo este seu novo template! <3.

    "migalhinhas de tempo para cada coisa e ficamos alternando entre elas. Como se fossem abas do navegador". ", vamos ficando cansados, sem foco e sem controle."

    Nossa, me definiu.Eu havia conseguido dar uma boa controlada, mas a ansiedade as vezes destrói padrões legais que a gente conseguiu atingir.

    Penso que a questão do Hiperfoco se faz necessária para realmente produzir resultados de qualidade.

    E também tem aquela questão de viver o momento presente, viver o agora.
    Estou tentando parar com isso, obrigada pelo post. :)))))

    1. Muito obrigada, Cati!
      Ansiedade é complicado mesmo, ainda mais hoje em dia. A gente tem tanto estímulo, o tempo todo, que fica difícil segurar o impulso de ir fragmentando a atenção. Tentar viver o momento é muito importante. Hoje em dia eu já consigo mais fazer isso, mas às vezes esqueço de me controlar também. Vamos lá… Melhorando aos poucos. Hehe…
      🙂

  4. Inês disse:

    Só uma coisa: o ser humano sempre foi multitarefas. Ou quando estava caçando, acha que também não tinha que prestar atenção para não ser “caçado”? Um cientista comentou isto em uma palestra e achei muito providencial para entender que a ideia de ser multitarefas ou multifocais não é do século 21. Sempre existiu. É da natureza humana.

    1. Ei, Inês. Quem sou eu pra afirmar algo, mas acho que tínhamos que prestar atenção para não ser caçados sim. Hehe… A gente tem alguns comportamentos que automatizamos ao transformar em hábitos, e esses podem ser realizados “no automático” enquanto fazemos outra coisa na qual estamos focados. A gente também fica alerta ao nosso redor para alguns sinais que possam indicar perigo. É o caso aí do tomar cuidado para não ser caçado. Tem um livro maravilhoso que fala sobre isso chamado ” A Virtude do Medo”. Mas a gente não é multitarefa de verdade. Você não consegue ler um livro e conversar com outra pessoa ao mesmo tempo. O que a gente consegue fazer é trocar de um para outro muito rápido, dando uma falsa impressão de estarmos fazendo ambos, mas isso gasta concentração e energia. Corta raciocínios e dificulta memorização. Dá para fazer, mas o resultado tende a ser subótimo. Mas cada um sabe de si. Se você curte, se joga 😉

  5. Thais disse:

    Atualmente, trabalhando em casa, eu não me importo de misturar um pouco as coisas enquanto trabalho. Acho que me sinto mais leve assim do que se focasse só no trabalho. Porém, eu estou fazendo isso pq esse tipo de trabalho permite, é um serviço mto visual que as interrupções não atrapalham tanto. Se eu estivesse fazendo revisão de texto mesmo, aí isso não seria possível.

    O que me incomoda bastante é o cliente ficar me mandando msgs fora do horário que me proponho a trabalhar ou nos finais de semana. Tive que silenciá-lo no WhatsApp e parar pra abrir e responder só qdo começo a trabalhar. Geralmente não é nada importante, são coisas do tipo: ele me manda um e-mail e aí me manda um Whats pra garantir que eu veja o e-mail.

    1. Essa questão do whatsapp é complicada mesmo, ainda mais para quem trabalha de casa, com freela… É mais difícil impor limites. Silenciá-lo foi uma boa ideia. Assim, você só olha as mensagens dele no seu momento de trabalhar. Se bobear, ele nem está esperando algo diferente. Abraço!

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