A importância de anotar os gastos para gastar melhor

Escrito por: Fernanda Marinho

Quando comecei a anotar minhas despesas, e as receitas também, o meu principal objetivo era controle. Era a vontade de ter uma real noção do que eu ganhava, do que eu tinha e do que eu gastava.

Mas, além de ter essa necessidade atendida e de me ajudar a investir melhor, um outro efeito dos mais importantes e que eu não tinha previsto foi que eu passei a gastar melhor. Não necessariamente menos, porque eu sempre gastei pouco, mas melhor.

Quando a gente percebe que o dinheiro é finito e que a gente escolhe com o que gasta, passamos a nos aproveitar muito melhor dele.

Percebendo quanto dinheiro tenho

Porque não temos todo o dinheiro do mundo para gastar. É fácil esquecermos isso já que ele se tornou algo tão imaterial e aparentemente flexível. São só números no banco. Fica fácil perdermos a noção de onde começa e onde termina. Se não anotamos, fica sendo algo bem vago.

Não importa o dinheiro que você tem. Você pode gastar e pagar no cartão. Se não conseguir pagar o cartão, joga uma parte para o outro mês, aí tem juros que você vai pagar, e você nem sabe direito quanto. Aí você pega um empréstimos a “juros baixos” e paga umas dívidas, assumindo outras… E assim segue a vida.

E isso é maravilhoso para os bancos, que ficam ricos com os juros que pagamos, e para o comércio, que vende para a gente mesmo quando não temos com o que pagar. Mas é péssimo para o consumidor, que fica preso eternamente em dívidas pagando bem mais pelas coisas do que precisaria. Porque, afinal, o dinheiro tem um preço. E, neste caso, você está pagando por ele.

Então, ter um controle financeiro e não ter dívidas não é apenas uma decisão minimalista, de quem quer ter uma vida mais simples. É realmente a decisão mais inteligente.

Escolhendo com o que eu prefiro gastar

Mas, para mim, o melhor de ter noção e controle sobre meus gastos é que me permite escolher. Anotar nos faz perceber de verdade com o que estamos gastando.

Muitos pensam que, ao anotar, a gente vai perceber que gasta mais com coisas pequenas do que imaginava. Mas eu não senti isso. Gastos pequenos tendem a ter pouco impacto mesmo. O que faz muita diferença são aquelas compras que fazemos para nos compensar por stress, aqueles gastos fixos que não lembramos porque são cobrados automaticamente e aqueles gastos que fazemos na pressa.

Não estou falando isso de um jeito moralista, como se uns gastos fossem certos e outras errados. Cada um define o que é melhor para si. O que acontece é que geralmente não paramos para pensar se realmente estamos gastando com o que preferimos. Simplesmente vamos seguindo hábitos.

Acabamos gastando de acordo com o que os outros escolhem para a gente, seja caindo na tentação por uma propaganda que nos escolheu como público e acertou, seja seguindo o fluxo das pessoas que estão ao nosso redor.

Lembro quando fui trabalhar em uma empresa que ficava em frente a um shopping. E que fiquei chocada ao perceber que meus colegas acabavam comprando algo que viram na vitrine quase todos os dias. E, de tanto ir com eles, eu comecei a achar isso normal. E até comprei algumas vezes. Até me tocar do que eu estava fazendo. Porque eu anoto meus gastos.

Aí a gente passa a perceber que cada escolha de algo a comprar significa que não vamos ter aquele dinheiro para gastar com outra coisa. E começamos a nos perguntar: eu prefiro mesmo comprar essa blusa que está em promoção ou prefiro pagar o mesmo preço por um livro ou jogo de videogame que vai me divertir por um tempão? Ou então eu prefiro mesmo pagar esse tanto a mais para fazer unha no salão, que vai durar uma semana, que me pagaria um mês de netflix? Ou pagar pela TV a cabo um valor que, juntando alguns meses, me permitiria viajar nas férias, que é algo que eu sempre estou resmungando que não tenho dinheiro para fazer? Ou comprar aquele milkshake caríssimo no horário do lanche porque estou estressada, e depois de 15 minutos continuar estressada porque tenho contas demais para pagar?

E, no limite, eu prefiro mesmo assinar TV a cabo, fazer unha no salão, comprar roupas e guloseimas sempre que sinto o impulso, e ter que continuar em um emprego que eu odeio porque não tenho dinheiro guardado para ficar um tempo sem trabalhar enquanto procuro algo melhor?

Você também pode gostar de:

Deixe seu comentário:

11 Comentários

  1. Adriana disse:

    Muito bom o texto! Realmente é assim. Não temos muito apoio ao anotar gastos, somos condicionados a gastar, mesmo que não tenhamos dinheiro para pagar. Basta ter crédito.

    O lado bom desse procedimento é que , mesmo que tenhamos alguma escorregada, é fazer a anotação e com disciplina os valores aparecem. É um gasto desnecessário aqui e outro acolá, uma despesa mensal que pode ser substituída por outra de menor valor ou de melhor qualidade pelo mesmo valor.

    Enfim, caneta, papel, ou celular, tablet, computador, o que for. O negócio é anotar e ver se está fazendo um gasto coerente. Temos atrás trocamos a internet e telefone por um combo que reduziu o valor pela metade praticamente. E seguiu o número, a mesma velocidade que tinha.

    1. Que bom que gostou, Adriana! Pois é… Quando a gente anota e olha o todo, percebe o que pode ser melhorado. E hoje em dia é tão fácil anotar, não é? Como você falou, pode ser em papel, no celular, no computador… Muito prático e tão útil! Obrigada pelo comentário 🙂

  2. Anne Carvalho disse:

    Sempre concordo com os posts, mas desse eu discordo… rsrsrs

    Mas não discordo no sentido de achar que não é importante anotar os gastos. Acho que pra maioria das pessoas é uma ferramenta bastante útil sim. Mas para mim, em particular, não funciona. Vou explicar:
    Naturalmente eu não gosto de comprar. Nada. Acho que é um misto de pão-durismo com a leveza que sinto em ter poucas coisas (já passei por situações de ter realmente pouco espaço pra guardar minhas coisas – quando morava em um alojamento militar – e muitas mudanças, então realmente me sinto sobrecarregada com cada coisa a mais que tenho). Então como consequência disso, sempre sobra uma grande parte do meu salário. Pra mim, anotar os gastos seria, antes de mais nada, um trabalho que não renderia frutos (ou quase), já que normalmente só compro o que realmente preciso. E, mais que isso, acho que anotando eu correria o risco de ter a sensação de “esse mês consegui economizar mais que o normal, então posso me dar direito a um gastinho desnecessário”.
    Então sigo assim, sem anotar nada, mas sempre evitando comprar o que dá pra evitar, independente de ter dinheiro “sobrando” na conta ou não (e justamente por esse motivo, sempre tem dinheiro “sobrando”). Tem dado bastante certo.

    1. Oi, Anne! Acontece… Hehe… Cada um sabe o que é melhor para si, de acordo com seu momento, sua situação, suas crenças etc. Para você ver, eu nunca pensaria em ter um gasto desnecessário porque consegui economizar, justamente porque compro só o que eu realmente preciso (às vezes até menos do que deveria). O dinheiro que não é gasto, eu invisto, e assim vou aumentando meu patrimônio e meus rendimentos, o que para mim é importante já que não tenho muita garantia de uma aposentadoria tranquila, estando no setor privado. É uma questão de personalidade também. Como eu comentei no início do post, gosto muito de ter controle, de analisar dados para tomar decisões. E, como gasto pouco, não me dá tanto trabalho. Mas não preocupa não. Concordarmos em tudo seria até estranho. Se está dando certo para você, vai em frente 🙂

  3. Anne Carvalho disse:

    Ah, e quanto a gastar com coisas não materiais, tipo um milkshake e tal… Desde que me tornei vegana virou tão difícil encontrar uma besteirinha gostosa comestível, que quando encontro é motivo de comemorar. Então vale o gasto (até porque acontecem raramente)… Hahahaha

    Mas entendo que pra quem tem mais opções disponíveis, realmente é importante estar alerta. Nao só pelo gasto, mas também pela saúde… Se deixar, é um bombonzinho aqui, um brigadeirinho ali, milkshake, trufa, etc, etc… Haja bolso e haja insulina…

    1. Pois é, Anne. E esses gastos pequenos e diluídos costumam aumentar quando a pessoa está estressada, porque perdemos em força de vontade e em clareza. Já passei por isso. Engordei e gastei mais do que gostaria. Hehe… Não quero isso mais. Haja bolso e insulina mesmo!

  4. Thais disse:

    Antes de casar eu anotava tudo. Depois de casar eu tentei colocar esse hábito pro meu marido, pq nós não separamos os nossos dinheiros. Como ele não conseguiu adquirir o hábito, eu acabei deixando de lado tbm. Agora estamos com problemas financeiros (depois q eu perdi o emprego, demorou alguns meses depois do fim do seguro desemprego pra eu arranjar um frila mais “fixo”), mas eu não consigo bolar uma forma de controlar melhor os gastos que sirva para os dois.

    1. Que chato, Thais. Se você achar importante, pode pedir para ele te falar quando gastar e você anota. Ou te entregar as notinhas… Você pode perguntar pra ele se tem alguma maneira que ele ficaria confortável de anotar… Em um caderninho… Sei lá… Só jogando ideias 🙂
      Pode até ajudar a lidar com os problemas financeiros, fazendo escolhas melhores.
      Mas pode ser que fique muito pesado para você mesmo. Aí você que vai saber. Boa sorte 😉

  5. Thais disse:

    Oi Fernanda!

    Foi muito bom ler esse texto hoje, estou numa fase meio obsessiva com a questão financeira, lendo Nathalia Arcuri (hehehehe) ela fala muito sobre isso de ter uma maneira mais simples de estabelecer gastos e projeções financeiras.

    E isso virou um grande mindblow para mim, ficar procurando maneiras de economizar ainda mais no cotidiano, repensar as minhas necessidades e as minhas compras.

    Acabo não anotando, porque nunca tenho dinheiro vivo em mãos. Analiso os extratos depois, você acha que ainda assim poderia me beneficiar das anotações?

    OBS – cheguei nesses posts porque você compilou tudo direitinho no outro, do blogger, e aí acabo lembrando de vir aqui 🙂

    1. Ei, Thais! Nunca li Nathalia Arcuri. Você recomenda? Olha… Eu gosto de anotar porque junto todas as informações, sabe? Também não uso quase nada de dinheiro vivo, mas anoto os gastos do cartão, da conta corrente, dos cartões específicos (alimentação, combustível), taxas bancárias etc. Anoto também o que recebo de investimento e por aí vai… E o importante de anotar para o meu caso não é nem ver dentro do mês. O que me faz mais perceber padrões de gastos e receitas, e pensar em como posso melhorá-los, é quando analiso um tempo maior, como pelo menos uns 4 meses. Além disso, vou analisando as categorias de gastos, e não só cada um separadamente. Por exemplo, o quanto gasto com supermercado, ou com remédio, ou no passado com salão, ou hoje com jogos. Eu até compartilhava essas análises no blog. Vou voltar a fazer isso 🙂 Para facilitar a sua vida, tem alguns aplicativos de controle financeiro que fazem até importação do seu extrato. Nunca testei, mas vou até procurar saber como funcionam. Obrigadinha pelo comentário e pelas reflexões! Beijo!
      PS: que bom que a compilação está te trazendo para cá! vou continuar fazendo. hehe 🙂

Participe da conversa, deixe seu comentário aqui:

O seu endereço de e-mail não será publicado.Todos os campos são obrigatórios!