Tomar remédio não é sinônimo de ter saúde

Escrito por: Fernanda Marinho

Venho lutando há alguns anos contra o colesterol alto, um probleminha de família que eu herdei. Tenho que evitar certos alimentos, consumir outros e manter hábitos saudáveis no geral. Mas tenho também que lutar contra a tentação e o incentivo de tantos a minha volta, médicos inclusive, que me sugerem que eu deveria tomar remédio e parar de me preocupar com isso.

É curioso como nossa sociedade sempre tenta resolver seus problemas de forma mais fácil e rápida, o que faz sentido, mas também sempre pela via do consumo. Temos uma mentalidade hoje que busca resolver todas as nossas dificuldades comprando ou pagando por algo. Não só pela aparente facilidade, mas também porque a indústria é fortíssima e tem todo interesse que pensemos dessa forma.

Comprar remédio é mais fácil mesmo?

Digo que é aparentemente fácil porque na verdade não é tão assim. Primeiro e mais óbvio, porque temos que pagar por tais medicamentos. E, para pagar, temos que trabalhar, e esse dinheiro gasto com remédios deixa de estar disponível para ser gasto com outra coisa.

Em segundo lugar, porque todo remédio tem seus efeitos colaterais e possíveis reações adversas. Basta ler a bula para ver tudo de problemático que pode vir do consumo daquele medicamento. Sem contar as interações com outros medicamentos. Quanto mais vamos resolvendo nossos problemas tomando remédios, mais temos que nos preocupar com o efeito de um deles combinado com os outros que já tomamos.

Em terceiro lugar, e o que mais me preocupa, há os efeitos do uso prolongado. A pessoa começa com um remedinho para o colesterol, depois vem um para pressão, aí os remédios ferem o estômago e a pessoa tem que tomar um remédio para gastrite, e por aí vai. É só ver o tanto de remédios que os idosos tomam.

Claro que um ou outro pode ser realmente necessário. E temos que ser gratos de viver em uma época que já se conseguiu encontrar remédio para tanto problema de saúde. Mas será que, se a pessoa não tivesse hesitado lá no início e tentando mudar seus hábitos ao invés de já começar a tomar medicamento de uso contínuo, a história não seria diferente?

E será ainda que, mesmo quando não tenha outra solução a não ser tomar o remédio, aí então seria mais importante ainda ter hábitos saudáveis para até amenizar os efeitos adversos, ao invés de deixar tudo por conta de mais e mais remédios?

Como buscar ter saúde então?

Eu tento ao máximo cuidar da minha saúde por meio dos hábitos: comer bem, praticar atividade física regularmente, dormir bem, ter hobbies e interesses que me mantenham ativa e com alegria de viver, prestar atenção nos sinais do corpo e, quando preciso mesmo tomar remédio, ter cuidado e conhecimento sobre ele.

No começo, pode ser chato e difícil. Mudar hábitos é algo penoso para nós. Mas, quando vamos nos acostumando e principalmente percebendo como nossa vida melhora infinitamente, vai ficando mais fácil e mais óbvio. Dá até raiva de não ter feito isso antes.

 

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8 Comentários

  1. Anne Carvalho disse:

    Indústria alimentícia e farmacêutica andam lado a lado… Uma cria doenças para a segunda vender remédios…
    Melhor coisa é conseguir se desvincular desse ciclo vicioso.
    Boa sorte nessa luta contra o colesterol. Meu pai também tem colesterol bem alto (apesar que ele faz por onde, comendo muita coisa que não deveria), mas por sorte eu não herdei isso. Sempre tive colesterol baixíssimo, e depois que virei vegana, baixou ainda mais (hoje está em menos da metade do limite saudável máximo).

    1. Tem toda razão, Anne! São duas das mais presentes e fortes indústrias dos nossos tempos. E que bom que você não herdou o colesterol alto. Eu não escapei, mas tenho conseguido controlar com hábitos e alimentação saudáveis. Claro que, como a maior parte do colesterol é criado no nosso corpo independentemente da alimentação, eu nunca vou ter colesterol baixo. Mas consigo evitar alimentos que aumentem, escolher alimentos que diminuam e ter hábitos saudáveis para aumentar o colesterol bom. Assim tenho caminhado 🙂

  2. Thais disse:

    Eu tenho que tomar vários remédios todos os dias, e isso é bem chato. Infelizmente, não tenho a opção de não tomá-los. Mas cultivar bons hábitos é de fato parte essencial nesse tratamento, os remédios fazem uma grande parte, mas não fazem tudo sozinhos!

    1. Ei, Thais! No seu caso é ainda mais importante não tomar remédio à toa, porque ele pode ter interação com os que você não pode deixar de tomar, além de poder sobrecarregar fígado e rins, machucar o estômago… Remédios podem ser maravilhosos e salvam vidas. Só acho importante tomar com cuidado e consciência. E, como você falou, conjugado com bons hábitos 🙂

  3. Thais disse:

    Nossa Fernanda, parabéns pela coragem!

    Lembro que a primeira vez que recebi uma receita de estatina eu mal tinha 27 anos feitos, e tudo o que precisava, era de um “sacode” para cuidar melhor dos hábitos cotidianos (de me alimentar e de atividade física) que revertem facilmente esses indicadores!

    Na época também não gostei desse prognóstico, pensei igual você nos velhinhos cheios de caixinhas e decidi que queria adiar a hora de começar com isso. Até hoje (7 anos depois) essa hora não chegou! 🙂

    Até contei um pouquinho disso nesse texto aqui:

    https://melhorqueperfeito.com.br/2018/06/19/como-eu-emagreci-18kg-e-porque-eu-emagreci/

    Beijos!

    1. Ei, Thais! Uau! Li seu texto e eu que preciso te dar parabéns. Porque, apesar de meu colesterol alto, eu não tenho nenhuma questão de saúde que tenha sintomas, sabe? Fico só imaginando a sua luta nesses anos todos. Ter disciplina com alimentação, atividade física e até sono não é fácil… E, como comentei acima, tem momentos em que a gente precisa de um remédio sim. Justamente por isso acredito ser importante evitar os que não são necessários. Você está nesse caminho. Não desanime 🙂
      Beeeijo!

  4. Joselita Alves Ribeiro disse:

    Amei seu comentário. É o que eu penso, também. Remédios são cavalos de Troia para outras doenças. Infelizmente alguns são inevitáveis. No meu caso tive que começar a tomar remédio para controlar a pressão, porque ela começou a pipocar com a morte da minha mãe (eu vivia com ela). E doenças cardíacas são a herança da minha família. O médico, mesmo sabendo da minha ojeriza a remédios, me aconselhou a tomá-lo por uma questão de custo benefício:um infarte seria muito mais oneroso para a minha saúde do que tomar um remedinho. Até porque a ciência ainda não sabe qual a origem dos descontroles pressóricos. Vá que seja hereditário, mesmo? Enquanto isso vou me cuidando com o sal, evito atividades estressante e pratico caminhadas para ajudar o remédio.

    1. Ei, Joselita! Mas é justamente para tomarmos remédios quando precisamos que devemos tentar evitar tomar sem necessidade. Como quase tudo na vida, o problema está no excesso. Acho fundamental, como você está fazendo, melhorar os hábitos. Eu consegui vencer o colesterol alto, por exemplo, só com controle de hábitos. Estou com um post quase pronto sobre isso, aliás. Obrigada pelo comentário! Abraço!

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