Pobre é quem precisa de muito para viver

Escrito por: Fernanda Marinho
Pepe Mujica

Pepe Mujica

O ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica é conhecido por ser austero e viver sem luxos, e muitas vezes é chamado de pobre. Mas ele rejeita esse rótulo, dizendo que tem o suficiente, que pobre é quem precisa de muito para viver e que seu principal objetivo é ser livre.

A frase faz sentido de um ponto de vista filosófico, mas também prático e financeiro. Principalmente para quem busca liberdade – a tão sonhada independência financeira. Quem precisa de muito dinheiro (foco na palavra “precisa”) dificilmente vai conseguir juntar algum e, mesmo se conseguir, vai precisar acumular grandes quantidades para se sustentar.

O dinheiro que eu preciso

A interpretação mais óbvia da frase, e nem por isso menos importante, é que precisar de menos dinheiro te deixa menos dependente dele. Você não precisa se sujeitar a um trabalho desgastante e ainda pegar freelas e bicos para sustentar aquele padrão de vida. Você pode ficar sem trabalhar um tempo com tranquilidade. Pode pegar um trabalho super legal, mas que não paga tanto. Pode arriscar tentando uma nova carreira, mudar de país ou seguir um caminho profissional não convencional. Sua independência financeira fica bem mais perto de ser conquistada.

Além disso, quanto menos você precisa de dinheiro, mais você consegue guardar daquele que recebe.

O dinheiro que eu tenho

Na hora de investir ou até mesmo de simplesmente se planejar financeiramente, a informação mais importante não é o quanto você ganha. É o quanto desse dinheiro você terá disponível para investir. E, o quanto mais você investe, mais dinheiro você tem exponencialmente, graças às maravilhas dos juros compostos. Então, quanto menos você gasta, mais dinheiro você terá, cada vez mais.

O que o dinheiro me traz

Mas um outro detalhe, que eu sempre busco destacar aqui, é que o importante não é apenas gastar pouco, mas principalmente gastar melhor.

É até curioso porque falamos tanto aqui em desapegar, simplificar e economizar que pode parecer que estamos diminuindo e abrindo mão de um tanto de coisas. Mas a verdade é que minha vida tem sido cada vez mais plena desde que adotei o minimalismo. A diferença é que agora ela está repleta do que eu acho mais importante.

Eu me sinto rica porque o dinheiro que eu tenho dá para me sustentar, com meus hábitos atuais, com tranquilidade. Isso porque fui analisando meus gastos de tempo e de dinheiro, e ativamente escolhendo o que me fazia mais feliz, saudável, alegre e realizada. E também o que me trazia mais vantagens. Tudo questão de escolha.

Agora, se eu tivesse mil contas mensais – tv a cabo, salão, faxineira, parcela de carro, parcela de imóvel e por aí vai – não ia conseguir guardar dinheiro e ia ficar cada vez mais refém de salário, sem ter muita melhoria de vida em troca. Independência financeira então? Como?

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4 Comentários

  1. Anne Carvalho disse:

    Esse senhor é demais!! 🙂 <3

    Pena que a maioria das pessoas não consiga entender quão simples é ser rico, e quão delicioso é esse sentimento de fartura: Basta abrir mão dos seus desejos consumistas inalcançáveis e intermináveis, e perceber tudo que tem à sia volta, e como já é tudo mais que o suficiente.
    Se eu parar pra pensar "o que eu compraria pra melhorar minha vida se eu tivesse mais dinheiro?" a resposta seria: NADA. Eu realmente estou bem satisfeita com a vida que levo, e não preciso de mais NADA pra me sentir mais feliz do que já estou. Se isso não é ser rica, não sei o que mais pode ser.

    Ps.: Entendo que existem muitas pessoas que realmente não têm o mínimo pra viver (nem comida, nem dignidade). O que eu quis dizer com "a maioria" do pessoas do meu círculo social, de classe média, que poderiam também desfrutar desse sentimento de completude, mas "escolhem" se manter em um circulo de desejo consumista, atrelando sua felicidade sempre a posses que não possui.

    1. Ana Beatriz Diniz disse:

      Excelente texto e maravilhoso comentário da Anne Carvalho! Gratidão pelo seu blog que amo! beijos

  2. Sergio Marcos Oliveira disse:

    Uma vida de cheia de coisas ou uma vida cheia de boas experiências ? Creio que essa seja a ‘questão filosófica’ que o artigo sugere e incita a pensar.
    Gostei. Quando se tem coisas demais, temos que arcar com despesas demais e… sobra tempo para viver boas experiências, atolados debaixo de tantas obrigações ?
    Creio que não.
    Então, é só escolher e fazer um “xis” na sua opção. 🙂
    Fernanda. mais uma vez parabéns pela “provocação” do artigo.

    1. Exatamente, Sergio! Ter muitas coisas nos prende, nos limita e nos enche de obrigações. É todo um esforço para pagar por essas coisas, mantê-las, guardá-las e até usá-las. Eu sei que já fiz a minha escolha. Muito obrigada por mais este comentário. Estou adorando 😉

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