Setembro amarelo: não tenhamos pressa em desapegar das pessoas

Escrito por: Fernanda Marinho

O meu minimalismo é baseado em eliminar o supérfluo para poder focar no essencial. E o primeiro passo é saber reconhecer a diferença. Quando falamos de objetos, desapegar de algo não tem tantos impactos. Mas, quando falamos de pessoas, acho importante pensarmos com mais cuidado.

Neste setembro amarelo, queria falar aqui especificamente sobre como muitas vezes abandonamos pessoas que podem estar precisando de nós por estarem passando por uma depressão ou outro transtorno psicológico.

Antes de tudo, precisamos reconhecer que não é fácil conviver com alguém passando por uma situação dessas. Muitas vezes parece que é frescura, que a pessoa está com preguiça ou querendo chamar a atenção. Mas mesmo quando sabemos que se trata de uma doença, para quem está do lado é uma tarefa cansativa e aparentemente infrutífera tentar ajudar uma pessoa passando por isso.

Então sempre que eu vejo um desses textos falando sobre desapegar de pessoas tóxicas, eu fico com esse incômodo. Porque ninguém é obrigado mesmo a conviver com quem te faça mal. E em alguns casos é até questão de saúde se afastar. Mas muitas vezes podemos estar abandonando alguém no momento em que essa pessoa mais precisa.

Quando eu tive depressão logo depois de sair da faculdade, a maioria dos meus amigos se afastou. Anos depois, fiquei sabendo por uma delas que comentavam entre si que eu estava querendo chamar atenção, com aqueles assuntos estranhos… A minha sorte é que eu tinha uma outra amiga, até recente na época, que não fez isso.

Lembro vivamente do dia em que ela me ligou, falando que estava preocupada comigo, e avisando que ia conversar com a minha mãe para que eu procurasse ajuda profissional. Claro que na hora eu não gostei e pedi para ela não ligar. Mas ela me avisou que iria fazer isso de qualquer jeito. Só estava me avisando para não fazer pelas costas.

Foi graças a isso que eu comecei um tratamento que duraria quatro anos, com terapia e antidepressivo, até que consegui achar um lugar no mundo, me entender melhor e poder ir parando aos poucos.

Não devia ser fácil conviver comigo naquela época. Eu não tinha ânimo para nada e transbordava negatividade. Mas, foi graças ao apoio de uma amiga, que eu consegui sair dessa situação.

Então queria pedir para todos nós – não só nesses dias de setembro amarelo, mas sempre que possível – termos mais cuidado com as pessoas e menos pressa em nos desapegar delas. Ninguém é obrigado a isso, e pode ser muito pesado. É importante sabermos os nossos limites e não nos submetermos a abusos e agressões. Mas, às vezes, eu acredito que vale a pena dar a mão e compreensão a quem está passando por momentos difíceis. Sem acusações. E incentivar a pessoa a buscar ajuda profissional. Podemos realmente salvar vidas.

PS: o texto vai sem revisão. Foi meio difícil de escrever e vou publicar como está ou vou acabar não postando. Então peço perdão pelos erros e por não ser um texto dos mais bem escritos.

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6 Comentários

  1. Anne Carvalho disse:

    Fernanda, realmente amei esse texto! Realmente, o que mais existe é textos falando sobre nos afastarmos de pessoas tóxicas, como se fossem objetos…
    Vivi (e estou vivendo) uma situação que tem tanto a ver com isso… Tenho uma.amiga que eu considero uma dessas pessoas tóxicas. Só me.procura pra pedir favores ou pra contar sobre os problemas da sua vida, sem nem ao menos perguntar se estou com tempo (normalmente são ligações compridas , em qualquer horário do dia – ela nao está trabalhando há uns anos, e parece que “esquece” que eu trabalho). Já pensei várias vezes em me afastar dela, mas nao faço pq ela é mãe da.minha afilhada, uma garotinha muito doce que eu adoro e não quero perder o contato.
    Pois bem, dia desses ela me ligou, novamente pra ficar mais de uma hora falando sobre brigas com o marido. Eu tava completamente sem vontade de ouvir, e pensei até em.inventar uma desculpa pra desligar. Mas nao sei porque, resolvi escutar a ligação até o final, prestando atenção, e conversamos sobre os problemas.
    No final ela começou a chorar, e me agradeceu por ouví-la. Disse que não tinha mais ninguém com quem conversar…
    Aquilo me comoveu tanto… Fiquei feliz por ter dado atenção a ela, e desde então tenho sido menos dura com ela…
    Claro que algumas vezes nos afastarmos de algumas pessoas é quase uma necessidade de sobrevivência. Mas eu sei que ainda tenho forças pra absorver um pouco dos problemas dessa amiga, então nesse caso, seria unicamente uma questão de bem-estar pessoal o afastamento. Nao posso dizer que nossa amizade me faz bem,as também nao chega a me fazer mal, mas tenho certeza que pra ela faz bem, e ser amigo é isso, né? Se doar um pouco pelo bem do outro, nao necessariamente recebendo algo em troca.

    1. Ei, Anne! Que bom que gostou 🙂
      Que situação complicada! Te admiro muito pela sua atenção e preocupação com essa amiga. Mas tome cuidado para não se prejudicar demais com isso. Se ela te ligar em um momento inadequado, atende e fala que não pode, diz que liga quando puder, e liga quando for melhor para você. Esse equilíbrio é importante. E tenta sugerir que ela busque ajuda profissional. Terapia é fantástico. Por mais que amigos ajudem bastante, para a pessoa conseguir sair de todo da situação, pode não ser suficiente. Recomendo demais a procura por um psicanalista ou terapeuta de outra corrente, como comportamental. E até um psiquiatra. Eu só consegui sair do buraco graças ao tratamento. Você é uma pessoa linda, viu?
      Abração!

  2. Marianna disse:

    Já passei por fases muito difíceis também, desacreditei das pessoas e da vida… e foi graças a minha família que me reergui.

    Por outro lado, agora que estou bem, admito que sou muito impaciente com as falhas/fraquezas dos outros.

    Espero mudar isso logo…

    Gosto muito dos seus textos, Fernanda! Abraços

    1. Ei, Marianna! Pois é… Também fico impaciente. Como falei, não é fácil. Mas acredito que, às vezes, é tão importante que vale a dificuldade. Nem sempre eu consigo também, mas tenho me exercitado a julgar menos, a acolher mais e a respeitar mais as lutas internas das pessoas. Na verdade, quando a gente para de julgar, fica até menos impaciente. Mas é um exercício… Vamos mudando aos poucos 🙂
      Fico muito feliz por você gostar dos textos. De verdade! Comentários como esse é que me fazem continuar escrevendo 😉
      Abraço!!

  3. Luciano Aleixo disse:

    Parabéns pela abordagem tão transparente sobre esse tema que muitas pessoas na correria do dia a dia não param para pensar.

    1. Muito obrigada, Luciano! 🙂

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