Um elogio ao vazio

Estamos sempre pensando em como aproveitar melhor o tempo, o espaço, o dinheiro.

Tentamos organizar nosso tempo para conseguir fazer tudo que precisamos e ainda algumas coisas que queremos fazer. Tentamos organizar o espaço para guardar e dar um lugar para todas as nossas coisas. Tentamos organizar nosso dinheiro para conseguir pagar as contas e comprar aquilo que precisamos, e também algumas coisas que queremos.

E nessa tentativa de tentar conseguir colocar tudo que precisamos e queremos em algo que é limitado, acabamos nos esquecendo, dando pouco valor e às vezes mesmo até desprezando os vazios.

Mas a verdade é que precisamos de tempo para descansar e ficar à toa. É quando conseguimos ter nossas melhores ideias, processsar algumas coisas, refletir sobre a vida, recarregar as energias…

Precisamos ter espaço livre em nossa casa, nossos armários, nossas mesas. É onde nós ficamos, por onde transitamos, por onde passar o ar…

Precisamos ter dinheiro guardado, para poder segurar as ondas quando as coisas não estão bem, lidar com um imprevisto, investir, e até gastar com algo que não precisamos, mas queremos.

Tentar “aproveitar” tudo, o tempo todo, é uma loucura. Ficamos sempre no limite, estressados, com medo de algo der errado, já que não temos nenhuma margem para manobra. Não conseguimos fazer coisas novas, explorar outras possibilidades…. Simplesmente porque todo nosso tempo, espaço e dinheiro estão comprometidos.

Não dá. E posso falar que o minimalismo me traz muitas coisas positivas – muitas mesmo – mas o que faz a maior diferença para mim é ter uma área de respiro, poder ter vazios.