A quarentena e a minha relação com a casa

Escrito por: Fernanda Marinho

Estou em quarenta total já tem quase um mês. Saindo de casa só uma vez por semana para ir ao supermercado. E, por mais que eu já fosse uma pessoa bem caseira, ficar o tempo inteiro em casa mexeu na minha relação com ela.

Porque agora eu trabalho, me alimento, me exercito, me divirto e descanso exclusivamente aqui. São diversos usos, em diversos momentos e estados de espírito.

Cuidados e faxina

Eu já não tinha faxineira. Há alguns anos sou eu mesma que faço a minha faxina. Mas ficar aqui o dia inteiro faz, claro, com que eu suje mais coisas, e perceba mais as pequenas poeiras que eu deixava pra limpar a cada 15 dias. Então tenho varrido e tirado poeira mais ainda, em cantinhos que não me incomodavam tanto.

E estou tão grata por ter uma casa funcional e sem tralhas espalhadas. Isso já faz diferença quando a faxina é quinzenal, mas quando é mais frequente e a gente presta mais atenção nela, sem todos os estímulos da vida pré-quarenta, fica mais claro ainda a vantagem de ter poucas coisas, e todas úteis e organizadas.

Espaço e atividades

Por falar em tralhas, que maravilha que é ter espaço livre quando você precisar fazer tudo em casa. Fica mais fácil se movimentar e encontrar lugar para cada necessidade. Até uma área da minha sala que fica vazia, entre a mesa de jantar e o sofá, está sendo super importante para eu fazer meus treinos sozinha de capoeira e exercícios funcionais.

Estou conseguindo separar a área das refeições, do trabalho, da diversão, do descanso. E com vazios para respirar.

Conforto e utilidade

Uma das vantagens de eu e o Roberto termos montado a casa aos pouquinhos foi que ela ficou do jeito que a gente queria. Sem excessos, mas com conforto e praticidade. Somos duas pessoas que gostam de ficar em casa. Então por que não montá-la da melhor forma possível?

Claro que essa melhor forma possível é dentro da minha realidade. Bem que eu queria ter varanda, área externa ou cobertura. Sol tem feito bastante falta. Adoraria também ter banheira ou piscina (dois sonhos de infância). Mas fiz escolhas que me permitiram viver bem, com tranquilidade e segurança.

E, agora, vivendo este momento de pandemia e quarentena, tendo uma relação bem mais próxima e dependente da minha casa, posso falar que gosto muito do que consegui construir. E, a cada dia, a cada momento de crise que vivemos, fica mais claro como o minimalismo deixou minha vida melhor, mais feliz

sala de casa
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4 Comentários

  1. Adriana disse:

    Pois é, apesar de ser um momento horrível, que não devemos nos locomover e fazer as mesmas coisas de antes, serve para repensar algumas coisas e quem tinha mais afinidade com minimalismo tem uma certa facilidade nessa adaptação, por isso fico contente de estar acompanhando desde meados de 2012 essa “vibe” digamos.

    Também estou em casa, quase não saímos e quando isso ocorre é um bate-volta provavelmente para ir no mercado e um drive no habib’s porque ninguém é de ferro, mas também sinto essa interação com a casa, não era de sair mesmo, mas gostava de viajar ou passear por cidade próxima, o que hoje é completamente descartado. Gosto de ver alguns lugares que íamos se reinventando e tendo a opção de marmita, entrega em casa, enfim, a adaptação é sempre importante e talvez a única coisa boa desse horror todo. É nos reinventarmos e tentar sermos melhores depois que tudo isso passar. Cozinhar não é tão ruim como parecia, limpar a casa também não, menos gastos e mais economia pra passar menos sufoco, enfim. Pena ser um cenário horrível e vermos tanta tragédia, mas temos que cuidar da nossa saúde e de nossa família e quando reestabelecer a normalidade, darmos valor ao que antes parecia tão chato.

    1. Ei, Adriana! Pois é… Eu também acompanho estava vibe desde 2012! Que coincidência! E também acho que faz muita diferença no enfrentamento de situações difícies, como esta. Gosto também e estou aproveitando bem quem está fazendo entrega, e dando preferência pro restaurante aqui da rua, que conheço os donos, a casa de bolos que também conheço, o sacolão do bairro… Tentando manter os pequenos comerciantes da região, que estão se virando como podem. Engraçado que um sentimento de comunidade, que o minimalismo já veio me trazendo ao longo do tempo, ficou mais forte. E realmente dar valor para saber cuidar de nós mesmos pode ser um aprendizado importante em um momento tão duro e difícil. Muito obrigada pelo comentário e pelas reflexões!

  2. Anne Carvalho disse:

    Pra mim, com um bebê e uma pré-adolescente (meu filho e minha enteada) em casa, a pandemia tem sido um pouco diferente… Ao contrário de ser um período introspectivo, de relaxamento e até mesmo tédio, esse período tem sido de quase-caos. Ter que manter os dois (principalmente o bebê) presos dentro de casa é extremamente desgastante, para todos. Ter que conciliar isso com os cuidados da casa (já que nossa faxineira semanal não está vindo) e com homeoffice (já que nosso trabalho continua exigindo a mesma dedicação e resultados) chega a ser uma tarefa quase impossível…
    Num primeiro momento eu estava sofrendo bastante, e imaginava todos os dias como teria sido diferente se esse período de quarentena tivesse ocorrido antes de eu ter filhos. Eu ficava pensando nas atividades que poderia desenvolver com o tempo livre disponível, como (re)organizar a casa, fazer algum curso on-line, finalmente incluir meditação na minha rotina, assistir séries e filmes, etc, em vez de simplesmente passar o dia tentando evitar que o caos completo se estabeleça a minha casa…

    Mas, depois de algumas semanas de sofrimento, finalmente me deu o estalo necessário, e comecei a enxergar tudo por outro ângulo. Por quantas vezes (antes desse período de pandemia) já lamentei que meu filho está crescendo rápido demais, e devido à rotina, sou obrigada a passar preciosas horas longe dele (nos dias “normais” ele fica 11 horas diárias na creche).
    Olha, então, que oportunidade preciosa de convívio com meu bebê, nessa fase tão importante que é a primeira infância, eu estou tendo!! Depois de finalmente perceber isso, parei de sofrer.
    O caos permanece o mesmo, mas a forma como enxergo e lido com ele, torna tudo muito mais fácil. Estou agora criando e fazendo atividades junto dele (como regar plantas – acho que elas vão morrer de tantas vezes que as regamos- limpar objetos nas prateleiras com um paninho, alimentar as cachorras e outras, que desenvolvem habilidades e ocupam o tempo e suas mãozinhas nervosas), e estou realmente aproveitando o período para estreitar nossos laços.

    1. Que lindo, Anne! Fiquei emocionada com o seu comentário… Não consigo nem imaginar o tanto que deve ser complicado dar conta de tudo isso! Eu já estou longe de viver tédio, e não tenho filhos. Mas foi tão legal a percepção que você teve! Pensando por esse lado, é realmente uma oportunidade única de aproveitar totalmente essa experiência ao lado do seu bebê. Muito legal mesmo você ter não só pensado nisso, mas também criado formas de viver isso. Parabéns e muito obrigada por compartilhar <3

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