As agruras de trabalhar longe de casa

Escrito por: Fernanda Marinho

Este ano está sendo muito estranho. Desde o seu início, venho tentando me adaptar e não conseguindo muito bem. E o principal motivo é um que eu (e quase todo mundo hoje em dia) já conheço bem: falta de tempo.

Em dezembro do ano passado, comecei um novo trabalho. A empresa é ótima e gosto muito de trabalhar lá, mas há um grande porém: fica a 34 km da minha casa, a duas cidades de distância (moro em BH, passo por Contagem, e trabalho em Betim).

Nas primeiras semanas, tentei ir e voltar de carro. Mas, além dos custos gigantescos (gastei quase um tanque em uma semana), era muito cansativo. Muito mesmo. Dirigir no horário de pico, com caminhões trocando de faixa sem nem olhar quem está do lado, um tanto de carros, caminhões, ônibus e motos em alta velocidade… Era muito estressante. Chegava em casa exausta.

Ampulheta

Para minha sorte, a empresa tem ônibus fretado, e passei a usá-lo. A questão financeira foi resolvida, e vou bem mais tranquila do que quando dirigia, mas o tempo… Ah, o tempo…

Não que o ônibus seja mais lento do que o carro. Por ser horário de pico, não faz muita diferença se vou dirigindo ou de ônibus. Mas é que é um tempo tão precioso que é praticamente desperdiçado. Tentei ler, mas senti dor de cabeça. Tentei resolver coisas e até escrever para o blog, mas não rendeu muito. O que eu faço é ouvir podcasts, porque pelo menos me distraio e aprendo. E ainda dou uma relaxada.

O problema é o pouco tempo que sobra…

Saio de casa 06:30h e chego de volta entre 19h e 19:30h. Para ainda ter que resolver coisas e tentar viver um pouco antes de ir dormir. E, para piorar, sou dessas azaradas que precisa de 08 horas de sono para funcionar bem (e mesmo isso não tenho conseguido).

Então estou sempre correndo. Chego em casa correndo e vou pra capoeira correndo. Volto correndo. Tomo banho correndo. Janto correndo – e aproveito esse momento pra conversar com meu marido ou ver uma série dessas de 20 minutos. E vou dormir correndo. Nos dias que não tem capoeira, aproveito para passar em um banco, farmácia, supermercado ou algo mais que esteja precisando (e que fique aberto depois de 19h). Tudo com pressa, com tempo contado.

Encontrar pessoas, ler livros, ver filmes, praticar hobbies, jogar videogame, fazer faxina… Tudo fica para o final de semana.

É tanta correria… Tão cansativo… Já consegui me adaptar um pouco, mas ainda estou longe do ideal…

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4 Comentários

  1. Anne Carvalho disse:

    Conheço bem esse sentimento, e é horrível…
    Em 2013 eu trabalhava no Rio de Janeiro. Trabalhava na Zona Sul, morava a 15min de distância caminhando da minha casa, e a vida era linda… Até que os aluguéis subiram assustadoramente, e ficaria inviável continuar morando onde eu morava. Resolvemos então (eu e meu ex-marido) dar entrada em um apartamento no Recreio (Zona Oeste do Rio), com um dinheiro que tínhamos guardado, e o que pagaríamos de aluguel, iríamos usar para pagar o financiamento. O apartamento era muito bom, a algumas ruas da praia do Recreio (que eu considero uma das melhores do Rio), mas ficava a mais de 30km do meu trabalho… Eu saía de casa às 5h10 (tinha que acordar às 4h30 e fazer tudo correndo – me arrumar, descer com a cachorra, comer e sair), e chegava em casa por volta das 18h00, nos dias de “trânsito bom”. O tempo para ir era 40min, e para voltar, 2 horas dirigindo… Eu chegava em casa e fazia tudo correndo (igual a você), e já não sentia mais prazer em levar a cachorrinha pra passear, e nem fazer mais nada. E nos fins de semana, eu só queria ficar em casa, assistindo TV jogada no sofá ou dormindo. Nem aproveitava a praia maravilhosa que tinha ali do lado, e olha que eu AMO praia…

    Agora estou novamente com uma rotina corrida, mas porque to com bebê pequeno pra cuidar… Mas pelo menos minha sensação de cansaço agora é devido ao tempo que eu dedico ao meu filho. Apesar de ser bem mais cansativo do que a outra experiência, agora a sensação é de estar gastando tempo com algo produtivo (cuidar e criar vínculos com meu filho), e fico feliz. Bem diferente da sensação anterior, de estar jogando um tempo precioso pelo ralo…

    Posso te dar uma idéia? Não existe a possibilidade de você dormir pelo menos umas 2 vezes na semana (terça e quinta, por exemplo) nessa outra cidade? De repente alugar um quarto em uma casa de uma senhorinha, ou algum pensionato, ou algo assim? Poderia até tentar fazer algum curso nessa cidade, nos dias que fosse ficar lá, ou aproveitar só pra assistir série e dormir bastante mesmo…
    Sei lá, pode ser uma opção…

    Boa sorte pra você, e força!

    1. Ei, Anne!

      É horrível mesmo. Difícil demais.

      Imagino pra você que saiu de uma rotina de ir andando 15 minutos pro trabalho… Eu já não trabalhava tão perto, mas gastava 15 minutos de carro. Agora…

      E tem isso até que você comentou da cachorrinha e da praia. Até as coisas que nos davam prazer passam a ser obrigações.

      Estar cansada pela dedicação ao bebê realmente é bem diferente. Tempo no trânsito é um desperdício. Não tem nada de bom. Cuidar de uma pessoa, ainda mais o seu filho, é outra coisa!

      Sabe que eu já pensei em me mudar para Betim… Mas a verdade é que eu não quero morar lá não. Primeiro porque minha vida pessoal toda está em BH – família, amigos, capoeira, cursos que eu faço… Segundo que o lugar onde trabalho é na BR, no meio da estrada, na região industrial. Não é exatamente na cidade. Então, mesmo se eu mudasse pra Betim, não ia estar do lado do trabalho. Ia ter que pegar carro para ir. Terceiro que meu marido trabalha em BH. Quarto que eu sou PJ, então nem tenho estabilidade para justificar uma mudança dessas. Aí fico pensando que não vale a pena, sabe?

      Mas sua ideia de ficar só alguns dias pode ser um bom meio termo. Não sei como faria com transporte. E nem como arcar com os custos do meu aluguel lá e aqui. Tenho que analisar e ver as opções. Mas vou pensar. É uma boa possibilidade.

      Muuuuito obrigada!

  2. Giovana Paula Malagutti disse:

    Triste realidade ,vou de ônibus para meu trabalho saio às 7 da manhã para chegar lá às 9:30 ,trabalho 10 longas hrs ,chego em casa às 22:00 ,para no outro dia sair às 7 de novo ,já chego cansada no trabalho ,e em casa mais ainda ,tempo para mim é uma coisa que não sei oq é….gosto muito da empresa mais não tenho mais ânimo para ir trabalhar

    1. Putz, Giovana! Pior ainda do que o meu caso. Difícil demais, não é? Não sobra tempo e energia pra nada… É realmente difícil ter ânimo de continuar trabalhando assim. Sinto muito 🙁

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