Consumir não resolve todos os nossos problemas…

Uma consequência de questionar o consumo é perceber o quanto ele é a base da nossa cultura. Começamos reparando na publicidade e sua criação de necessidades, depois começamos a desconfiar que a pessoas estão cada vez mais consumindo como uma maneira de firmar sua identidade e então percebemos que adotamos o consumo até como parte da nossa vida social – encontramos os amigos consumindo em bares e demonstramos carinho comprando e dando presentes.

Mas tem algo que só há pouco tempo percebi. O consumo virou tanto a nossa mentalidade para lidar com todas as coisas, que, sempre que temos um problema, a primeira pergunta que a gente se faz é: o que eu posso comprar pra resolver isso?

Se estamos com um problema de saúde, nosso primeiro impulso é comprar remédios. Não pensamos em melhorar nossos hábitos para ter um corpo mais saudável. Quando estamos querendo emagrecer, compramos suplementos, chás, estimulantes. Não pensamos em uma dieta mais saudável.

Tudo que estraga, pensamos em comprar um novo. Tudo que precisamos resolver, pensamos em pagar alguém para fazer pra gente.

Só que esse comportamento tem dois problemas. O primeiro é que nem sempre funciona. Tem situações que a gente precisa enfrentar, comportamentos que precisamos mudar, esforços que dependem da gente mesmo. E outro problema é que a gente fica cada vez mais dependente de dinheiro, com menos autonomia e independência.